Ibovespa fecha com alta de 0,10%, após ata de Fomc com tom mais duro sobre início de corte de juros nos EUA
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O Ibovespa deixou para lá o mau humor em Nova York e conseguiu avançar, em dia que o petróleo internacional impulsionou os ganhos de Petrobras (PETR3;PETR4), que encerrou com mais 3,40% e 3,12%, respectivamente.
Na outra ponta, Vale (VALE3) até tentou uma recuperação, estimulada por mais um dia de alta do minério de ferro. Mas, assim como ontem, ignorou essa força e terminou com baixa de 0,52%.
A alta do Ibovespa hoje foi de 0,10%, aos 132.833 pontos. Um movimento contrário ao visto em Nova York, onde os principais índices caíram com amplitude. É a primeira alta do ano.
Por lá, os investidores esperaram praticamente a sessão toda pela ata do Fomc. E os integrantes do Fed não deram nenhum sinal de quando projetam uma queda imediata nas taxas de juros, nem quanto tempo pretendem manter a política no campo restritivo. Mas, ao menos, mostraram que os riscos inflacionários estão diminuindo. O mercado desanimou, inclusive com relação aos cortes possíveis em março.
Wall Street ainda não viu um dia positivo em 2024.
Investidores lá fora confirmaram as expectativas de que o Fed iria, na ata de sua reunião de dezembro, tentar reduzir um pouco a expectativa de que o início dos cortes de juros está próximo, devido ao foco que a comunicação pós-reunião deu aos efeitos da política restritiva na atividade econômica.
“Embora o cenário tenha se mostrado majoritariamente positivo ao longo do documento, os membros do comitê ressaltaram a importância de se atentar para os riscos de alta da inflação nos próximos períodos, especialmente por conta dos já mencionados preços do setor de serviços, que devem se mostrar mais resiliente que outros componentes do núcleo da inflação”, afirma Matheus Pizzani, da CM Capital.
Juliano Condi, economista de área internacional da AZ Quest, a partir da análise da ata do Fomc, vê “certa” deterioração do crédito nos Estados Unidos, “mas nada muito preocupante”. Segundo ele, o setor de real state é um dos mais afetados com as condições de crédito em 2024.
“Após a divulgação da ata do Fomc tivemos um reflexo positivo no contrato futuro de dólar, que saltou cerca de 8 pontos na alta, entretanto, poucos minutos depois já havia retornado ao patamar pré noticia e caiu ainda mais, se aproximando da mínima do dia.
O Ibovespa e o S&P 500 não mostraram reações de alta volatilidade com a divulgação da ata, que no tom hawkish reforçou a ideia de juros inalterados por mais tempo e dependência de novos dados para futuras tomadas de decisões”, reforça Alan Soares, da Toro Investimentos.
O dólar comercial fechou em estabilidade, a R$ 4,915 na venda e ficou em alta na comparação com as principais moedas do mundo, com o DXY com 0,27%.
Os contratos mais líquidos de petróleo fecharam em alta, ganhando fôlego pela manhã após notícias de interrupções em operações na Líbia em meio a manifestações e após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) reafirmar compromisso pela estabilidade do mercado.
Os fortes ganhos da commodity refletem o aumento das tensões no Oriente Médio, após a morte de um líder do Hamas em ação realizada em solo libanês; além da crise continuada com a navegação no Mar Vermelho.
O cenário favoreceu as petro juniores, com PRIO (PRIO3) disparando 3,37% e Petrorecôncavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3) subindo 2,31% e 1,31%.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2024 o fechou em alta de 3,30% (US$ 2,32), a US$ 72,70 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 3,11% (US$ 2,36), a US$ 78,25 o barril.
Já no mercado de Treasuries, a reação a divulgação da ata do Fomc fez com que rendimentos subissem em primeiro momento. Logo depois, os títulos voltaram a ter quedas em sua rentabilidade e o retorno do título de dez anos desceu 3,3 pontos-base (pb), a 3,909%. O título com vencimento de 2 anos recuou de 2 pb em seus rendimentos, a 4,326% e com vencimento de 5 anos desceu 2,8 pb em seus retornos, 3,919%.
No mercado de juros, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,03%, ante 10,06% do ajuste anterior e a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,64%, ante 9,65% do ajuste anterior.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,76%, ante 9,77%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 9,98%, ante 10,1%.
No Ibovespa, a Cielo (CIEL3) foi a surpresa positiva do dia, com alta de 3,74%, figurando entre as mais negociadas da sessão.
O setor financeiro ficou misto, com Bradesco (BBDC4) subindo 0,10% e Banco do Brasil (BBAS3), 0,09%; e Itaú Unibanco (ITUB4) e B3 (B3SA3) caíram 1,10% e 0,28%.
Eletrobras (ELET3) teve mais um dia instável, em meio à luta para realizar a Assembleia Geral suspensa pela Justiça no final do ano passado, para análise sobre Furnas. A questão foi parar no STF e as ações até subiram durante boa parte da sessão, mas acabaram com queda de 0,12%.
As locadoras de veículos tiveram estimativas atualizadas por um grande banco, que reafirmou a visão positiva para o setor. Movida (MOVI3) subiu 1,71% e Localiza (RENT3), perdendo 0,59%.
Com a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) no próximo dia 11 de janeiro no radar, para decidir sobre aumento do limite de capital e uma potencial oferta de ações, as ações do GPA (PCAR3) dispararam 10,50%, após a forte valorização de ontem (3,20%). Foi a maior alta do dia.
Já Sequoia (SEQL3) devolveu uma pequena parte dos ganhos de ontem, com queda de 6,33% – um pequeno pedaço dos mais de 100% de valorização de ontem. A ação subiu durante todo o dia e a virada veio nos leilões finais. A empresa trouxe, em comunicado ao mercado hoje, mais detalhes sobre o acordo com os atuais acionistas do Grupo MOVE3.
Fonte: InfoMoney