Inflação e juros esfriam PIB do 3º tri e pioram cenário de 2023, dizem economistas
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre de 2022 indica uma perda de ritmo da economia brasileira, que cresceu menos do que o esperado por analistas de mercado. Esse cenário está ligado, sobretudo, a inflação e juros em alta, que contribuem para desaceleração do consumo das famílias e minam a confiança dos consumidores, segundo economistas ouvidos pelo CNN Brasil Business.
A economia brasileira registrou crescimento de 0,4% no terceiro trimestre de 2022 em comparação com o período imediatamente anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (1º). O resultado do trimestre é o quinto positivo seguido após o recuo de 0,3% de abril a junho do ano passado.
Em relação ao terceiro trimestre de 2021, a alta foi de 3,6%. O resultado veio um pouco abaixo da mediana das expectativas do mercado, que apontava para uma alta de 0,7% na comparação mensal e de 3,7%, na anual, segundo pesquisa da Reuters.
“Um dos setores que teve desempenho negativo nesse trimestre foi o comércio, à medida que o varejo já começa a sentir a taxa de juros elevada. A queda da demanda tende, também, a desacelerar o mercado de trabalho, o que deve refletir nos próximos resultados do PIB”, diz a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria.
O comércio foi o único segmento de serviços a apresentar taxa negativa no terceiro trimestre, com recuo de 0,1%. Esse cenário, já observando na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, também reflete a realocação do consumo das famílias dos bens para os serviços, destaca o instituto em nota.
Enquanto isso, o consumo das famílias, que estava em 2,6% no segundo trimestre, foi para 1% de julho a setembro, corroborando com essa tese de perda de ritmo.
Apesar de ter perdido força, o consumo das famílias ainda reflete os efeitos da reabertura da economia pós-pandemia, mais um indicador de que deve arrefecer nos próximos meses, destaca Gustavo Sung, economista-chefe da Suno.
“Para o último trimestre, a perspectiva é de um arrefecimento da atividade diante dos efeitos da elevação dos juros e um certo esgotamento dos benefícios da reabertura da economia”, diz em nota.
O economista ressalta que os principais motores para o consumo no período são: recuperação do mercado de trabalho, aumento do rendimento real, desonerações fiscais sobre itens de consumo importantes e queda recente da inflação. “Essas medidas ajudaram a sustentar a demanda no terceiro trimestre de 2022”.
Para o último trimestre, a perspectiva da Suno é de um arrefecimento da atividade “diante dos efeitos da elevação dos juros e um certo esgotamento dos benefícios da reabertura da economia”.
Fonte: CNN Brasil