O dilema entre inflação e juros
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Qualquer economista aprende na faculdade que a inflação é uma doença da moeda, embora sejam muitos os fatores que determinam a alta dos preços. A perda do poder aquisitivo da moeda é o sintoma da doença e o remédio tradicional é o aumento da taxa de juros. A moeda brasileira está doente, com a inflação beirando os 10% ao ano, e o Comitê de Política Monetária não só aumentou a taxa Selic para 6,25% ao ano, como comunicou em ata esta semana que haverá aumentos de 1% na taxa nas próximas reuniões, até atingir um “patamar significativamente contracionista”. Ou seja, em seis meses o país triplicou sua taxa básica de juros e até o final do ano ela estará em 8,5%. É dramático, mas tem lógica: ao aumentar tão rapidamente a taxa de juros, o Banco Central quer desestimular fortemente o consumo, encarecendo o crédito e estimulando quem tem dinheiro a poupar. Ou seja, a política contracionista é esta: tirar dinheiro da economia, para reduzir a demanda e assim derrubar os preços. Além disso, juros altos atraem capital externo, aumentam a oferta de dólares e fazem cair a cotação da moeda.
O remédio funciona, especialmente se não houver indexação, mas tem um efeito colateral fortíssimo, pois, ao encarecer o crédito, inibe o crescimento econômico e põe uma trava nos investimentos. Os empresários fazem uma conta simples, que os economistas dão o nome pomposo de Eficiência Marginal do Capital. É uma fração, cujo numerador é a taxa de retorno de uma unidade de capital investido e o denominador a menor taxa de juros de mercado. Se o resultado for menor que 1, ou seja, se a taxa de retorno do capital for menor que a taxa de juros no mercado, não há estímulo para investimento, afinal, melhor do que contratar mão-de-obra, mobilizar recursos e competir no mercado é ganhar mais sem fazer nada e investindo em papéis. Ora, sem demanda e sem investimento, não há crescimento sustentável do PIB. Para completar, juros altos encarecem a rolagem da dívida interna e obriga o país a gerar um superávit primário maior, ou se endividar mais.
A política de juros altos é uma espécie de quimioterapia que enfraquece o corpo do doente, mas é o único remédio que pode vencer o câncer da inflação e impedir a desestruturação da economia, a volta da correção monetária e o aumento da pobreza causado pela elevação do custo de vida. Alguns analistas afirmam que tal política resultará em estagflação, uma mistura de recessão com inflação, mas não parece crível, o mais provável é que os preços caiam à medida que os juros aumentem, gerando baixo crescimento em 2022, mas não há sinais de processo recessivo,
Há alternativas? Sim, uma delas é a abertura às importações, para aumentar a competição e forçar a queda de preços. Aliás, o ministro Paulo Guedes afirma que pretende promover este ano um choque de oferta e de produtividade, reduzindo em 10% as tarifas de importação de modo linear e mais 10% em 2022. O problema é que isso pode levar à quebra de muitas empresas que, submetidas ao custo Brasil e à imensa carga tributária, não poderiam competir com os produtos importados. Ou seja, o melhor é seguir a receita que o Banco Central está oferecendo, até porque paira sob a cabeça da economia um ano eleitoral dificílimo, que vai impactar mais ainda o câmbio, o déficit fiscal e a inflação.
Bahia: os municípios minerais
O setor mineral baiano registrou um aumento de mais de 50% em sua produção no primeiro semestre de 2021 e vai de vento em popa.
A Bahia já é o 4º maior produtor de minérios do país e caminha para alcançar o 3º lugar. Os principais produtos são o ferro, o ouro, o cobre, o níquel e outros. Três municípios, Caetité, Jacobina e Itagibá, são responsáveis por 51% da produção mineral do estado. Mas os municípios de Jaguarari, Sento Sé, Piatã, Barrocas, Andorinha, Juazeiro e Brumado também são destaque. O setor mineral responde por cerca de 2% do PIB baiano, mas tende a crescer com a ampliação da produção de ferro e as facilidades de transporte ferroviário viabilizadas pela Fiol.