Inflação da guerra vai deixar carro, geladeira e imóvel ainda mais caros
Fotografia: Roosevelt Cassio/Reuters
Fonte: encr.pw/0EFgW
O impacto econômico provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia vai deixar eletrodomésticos, automóveis e imóveis ainda mais caros aqui no Brasil. O receio de que o conflito afete o fornecimento de matérias-primas já encareceu insumos usados pelas siderúrgicas para produzir aço, um produto que compõe grande parte dos custos de fabricação dos bens duráveis, dizem empresários.
O repasse de preços nessa cadeia já começou. Semana passada, uma das principais siderúrgicas do país, a CSN, anunciou um aumento de preços de 20% para os produtos que vende para a indústria, em um reajuste que será feito em duas parcelas: 12,5% no dia 1° de abril e 7,5% no dia 15.
A companhia, que fornece produtos para os setores automotivo, de linha branca (geladeiras, fogões), construção e embalagens, disse que está retirando descontos que vinha praticando por causa do encarecimento de matérias-primas, como minério de ferro e carvão metalúrgico.
Já os fabricantes de bens de consumo que usam o aço comprado das siderúrgicas criticam o reajuste de preços e alertam que essa conta mais alta vai sobrar para o bolso do consumidor.
“Com certeza os aumentos dos custos de produção vão chegar ao consumidor, muito por conta do insumo nacional. O aço já subiu quase 200% desde março de 2020. E se vai aumentar mais 20% ou 25%, vai ser uma tromba d’água em um copo que já está transbordando” ressaltou José Jorge do Nascimento que é presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
Matérias-primas mais caras por causa da guerra O conflito no leste europeu reacendeu o movimento de alta dos preços de diversas matérias-primas, de grãos, como trigo e milho, a metais e petróleo. O receio das empresas e países é que a guerra e as sanções impostas à Rússia reduzam ou interrompam a oferta desses produtos.
Na indústria do aço, os aumentos de preços mais sensíveis ao setor impactam metais e petróleo, disse o diretor-executivo comercial da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Luiz Fernando Martinez, em entrevista dada ao Valor Econômico. Segundo ele, desde o dia 3 de janeiro, o minério de ferro subiu 13% e o carvão 83%, elevando em 37,5% os custos em reais da produção.