Como você mede o sucesso? Talvez seja a hora de repensar seus conceitos
Foto: Monique Melo – Jornalista, assessora de comunicação, diretora da Texto & Cia e diretora Regional da ABRACOM-BA
Quem te inspira como ser humano? Nas últimas décadas, o capitalismo lançou fórmulas e heróis atrelados ao sucesso financeiro. O resultado não tem sido nada bom, com a riqueza concentrada nas mãos de poucos e o planeta pedindo socorro. Por isso, temos vivido uma disrupção nos relacionamentos, no trabalho e na gestão de negócios, com o avanço da tecnologia, para acharmos soluções viáveis que permitam a nossa sobrevivência e evolução. Muitos se amedrontam com o novo e a potência da Inteligência Artificial. Eu sou muito otimista, acho que a
máquina vai nos lembrar e cobrar a nossa humanidade, ou seja, as nossas características sutis, e se
apropriar das atividades repetitivas, como tem que ser.
Como dizia Platão, tudo nasce de uma ideia, seja um projeto ou uma mensagem. Os algoritmos cruzam
dados, mas são as pessoas que os criam, imaginam e sonham. Assim, implementam mudanças, desenvolvem mentalidade crítica e acham soluções. Por isso, as habilidades comportamentais são cada vez mais essenciais a qualquer profissional e, principalmente, às lideranças. Destaco duas: criatividade e comunicação, esta última, porta de entrada para a qualidade dos nossos relacionamentos, responsáveis, segundo a mais longa pesquisa de Harvard, por nos propiciar uma vida mais longeva e feliz. Elas andam juntas, pois cada um vê o mundo à sua maneira e de forma única, o que gera muito ruído e incompreensão. Qual o antídoto? O poder da empatia para se colocar no lugar do outro, de uma maneira compassiva, entendendo sua cultura, história, geração… mesmo que se pense completamente diferente. Isto exige muita curiosidade e imaginação, que são libertadoras, assim como o ponto de vista divergente amplia a nossa perspectiva da realidade.
Entendeu, agora, por que quanto mais uma equipe é plural, diversa e inclusiva, mais inteligente e criativa ela consegue ser? Como dizem os filósofos estoicos, as coisas não fazem nada com a gente, a forma
como as percebemos e interpretamos é que faz. Pergunto-me porque não usar este diálogo interno
a nosso favor e a favor do nosso crescimento, com mais positividade.
Um filme que me marcou muito e que mostra esta grande lição foi “A Vida é Bela”, mesmo num campo de concentração, a narrativa apreciativa do pai imperou e tornou a realidade mais leve e bonita para
o filho. O ser humano possui esta capacidade: quanto mais treinamos a criatividade e a comunicação, mais nos aperfeiçoamos e nos tornamos um nexialista: aquele que consegue ligar os pontos com isenção e resolver problemas com soluções inovadoras. Ele não é especialista nem generalista, mas sabe o momento de lidar com os dois para escolher as melhores ideias e sugestões, e agir assertivamente em cada contexto. Neste mundo veloz, digital, onde a informação está em nossas
mãos, e o modelo de gestão é de ecossistemas, é este o novo profissional desejado.
Confesso que me lembrou o ofício do jornalista ao redigir uma matéria especial ou de um gerenciador de crises, que, sem paixão, busca o nexo entre as partes envolvidas para criar o melhor posicionamento, storytelling. Este conceito saiu de um livro canadense
de ficção científica da década de 1950, “The Voyage of the Space Beagle”, para fazer sentido atualmente, quando precisamos de visão abrangente para ter resultados exponenciais. O nexialismo promove efetivamente a colaboração, pois mostra a interoperabilidade dos negócios e a remuneração cruzada, é o somar para multiplicar, mesmo com os concorrentes. Nesse ambiente, precisamos entender e cuidar das pessoas para o sistema rodar bem. Por isso, respondendo à pergunta inicial, fico com o psicólogo norte-americano Marshall Rosemberg, que categorizou a Comunicação Não Violenta, que
nos permite respeitar e viver em paz conosco e com o outro, trazendo à tona a nossa capacidade
de reconhecer as nossas necessidades e sentimentos, assim como os dos demais. É essa cultura de
fraternidade que fará a nossa sociedade avançar. A polarização e a discórdia só nos enfraquecem.